No local mais distante e solitário que você possa imaginar, está um deus. Ele possui uma flauta, e com ela, toca uma canção que alcança todos os confins da Terra. Com sua flauta, sua canção toca os corações e as mentes de todas as pessoas que existem no planeta. Ele nos cria, nos molda, nos motiva. Ele nos leva à loucura.
Esse deus, que não possui nome, dança enquanto toca sua flauta. Uma dança frenética, alegre, cheia de saltos e piruetas. De fato, acho que esse ser nunca parou de dançar; sempre existiu, ali. Dançando e tocando sua flauta.
Sua música faz vibrar a realidade, dá movimento à criação. Dá Razão à matéria. Permeia tudo que existe, e existe em tudo que afeta.
Infelizmente, nenhum de nós consegue ouvir essa canção. Sempre está na beira do nosso alcance, no limite da nossa consciência, como uma serpente imaterial que sibila em nossos ouvidos, apenas para rastejar em direção ao nada uma vez que tentamos entender o que está ao nosso redor.
Mas mesmo assim, ele está lá. Dançando alegremente, moldando a realidade de acordo com seus caprichos, esperando que um dia alguém venha a seu encontro. Ninguém sabe onde ele está, mas ele sabe onde todos estão.
Ele vive em lugar nenhum, e em todos os lugares ao mesmo tempo.
